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PERFIL: EU SOU, JOÃO SANTANA!

Houve um tempo em que a comunidade da Vila Operária em Duque de Caxias era apenas um punhado de casas modestas, erguidas nas terras abandonadas. O início da década de 1960 trazia consigo tempos difíceis, tempos de ditadura, mas também de esperança. Era um período em que a liderança popular do senhor José de Jesus lutava pelos direitos da comunidade, uma liderança ligada ao então presidente João Goulart.

Foi nesse contexto que vi a luz do dia. Nasci e cresci em meio às dificuldades da Vila Operária, com uma mãe corajosa, uma avó amorosa e uma tia protetora. Com o apoio dessas mulheres fortes, dei início aos meus estudos, mesmo que com dificuldades, em um colégio Adventista. Uma bolsa de estudos amparou meus sonhos e abriu caminhos para um futuro melhor.

Aos 10 anos, já entendia que precisava ajudar em casa. Comecei a desenvolver pequenos trabalhos, trabalhei como ajudante numa oficina mecânica, e aos poucos fui me tornando. independente. Com o apoio da minha família, consegui me formar no ensino médio e, aos 16 anos, assinei pela primeira vez a carteira profissional. Empreendedor desde jovem, fui trilhando o meu caminho e abrindo portas.

Em 1977, encontrei uma oportunidade única ao ser contratado por um exilado político que se refugiou em Duque de Caxias, o seu Jacy, escondendo-se da ditadura militar. Foi nesse peíodo que tive um primeiro contato com alguns militantes políticos que também buscavam abrigo, pessoas que haviam pertencido a movimentos políticos que enfrentavam o sistema da época. Participei de reuniões da juventude do PCB e conheci de perto a chama da resistência.

Em 1982, decidi dar um novo rumo à minha vida e me mudei para Brasília a convite de um tio militar da marinha que estava morando lá. Ingressei na universidade para cursar jornalismo e, nesse período, participei ativamente do diretório acadêmico. O que causou um grande mal estar para o meu tio, pois a quadra em que nós morávamos, só residiam militares. Porém, o chamado do Rio de Janeiro foi mais forte, e em 1983 retornei à cidade que me viu nascer.

Foi nessa época que ingressei no PDT, partido liderado por Leonel Brizola. Internamente, me organizei com o segmento mais socialista do partido e, no mesmo período, participei externamente de um grupo comunista clandestino que defendia a revolução proletária em meio ao processo de redemocratização do país, a Reconstrução do Partido Comunista. Mas os tempos estavam mudando, e a organização acabou se desintegrando juntamente com o colapso da União Soviética.

Os anos 80 foram marcados pela luta em prol da liberdade. Eu participei ativamente do movimento político que tirou Duque de Caxias e outras cidades da condição de área de segurança nacional imposta pelo regime militar. Também fui um dos responsáveis por ajudar o primeiro prefeito de esquerda a assumir o cargo após esse período sombrio. Além disso, tive uma participação importante nas greves gerais de trabalhadores que clamavam pelo fim do regime militar. A luta política naqueles tempos foi muito intensa.

Eu exercia a presidência da Juventude Socialista do Partido em Duque de Caxias, mas após desentendimentos com Leonel Brizola, eu e outros militantes do PDT, incluindo o governador

Marcello Alencar, migramos para o PSDB em 1993. O jornalismo também fez parte da minha trajetória, sendo assessor de imprensa no governo Marcelo Alencar a partir de 1995.

Em 1996, tive a oportunidade de ajudar a coordenar a campanha de José Camilo Zito para a prefeitura de Caxias, o que mudou definitivamente a história da cidade. Duque de Caxias se tornou a segunda mais importante cidade do estado, graças também a um trabalho incansável dedicado de uma equipe qualificada. Eu exerci diversos cargos no governo Zito, incluindo o de secretário de meio-ambiente. Também assessorei por muitos anos a deputada Andreia Zito e o ex-prefeito de Belford Roxo, Waldir Zito. Nessa época, eu exercia, juntamente com Eurico Natal e outros companheiros, a direção do PSDB local. Cheguei a compor no estado do Rio de Janeiro o CENIERJ – Conselho Estadual das Entidades Negras do Interior do Rio de Janeiro.

A minha vida pessoal também teve seus altos e baixos. No meio do trabalho, estudos e atividades políticas, fui agraciado com o nascimento de minhas duas filhas, Patrícia e Elisa. Alegrias que surgiram em meio à luta diária pela construção de um futuro melhor para todos. Após a separação com minha primeira esposa, encontrei novamente o amor ao me casar com minha atual esposa, Kika Santana. Juntos, tivemos mais um filho, o querido João Felipe, trazendo ainda mais felicidade para nossas vidas.

Hoje, me sinto um homem realizado. Além de exercer a diretoria de administração da Associação Fluminense de Jornalistas, ser Conselheiro do Instituto Niemeyer, e desenvolver vários projetos importantes para a sociedade, também exerço na política a Vice-presidência Nacional do Partido Afrobrasilidade, que está em processo de registro junto ao TSE e que em breve vai exercer uma grande importância na política brasileira. Minha infância com dificuldades, o esforço nos estudos divididos com a militância política e o nascimento de meus filhos são marcas que moldaram o homem que me tornei. Acredito, que podemos nos tornar um exemplo de perseverança e determinação, alguém que nunca vai deixar as dificuldades impedirem de lutar por um futuro melhor para mim e para toda a comunidade.

1 Comment

  • Max janeiro 6, 2024

    Incrível trajetória, Parabéns!

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